Características do Romantismo

Cultura

2022

Explicamos quais foram as características do Romantismo, seus temas, valores e disciplinas em que se manifestou.

O romantismo surgiu no norte da Europa no final do século XVIII.

Romantismo

o Romantismo (1789-1880) foi ao mesmo tempo um movimento artístico, filosófico, estético, musical e literário. Surgiu no norte de Europa (na Alemanha e na Inglaterra) no final do século XVIII, e assumiu uma posição contrária à Ilustração e ele neoclassicismo dominante na época.

Além disso, foi uma nova forma de pensar que logo se espalhou pela Europa e pelo mundo inteiro. Assim, mudou para sempre a forma como nós, no Ocidente, nos relacionamos com o natureza, o amor, o arte e ele trabalhado.

Herdeiro de importantes obras e tendências artísticas europeias como o Sturm und Drang (“tempestade e ímpeto”) alemão ou o romances de Wolfgang von Goethe (1749-1832), entre outros, o Romantismo é um movimento crucial para compreender a história Ocidente moderno e o mundo.

Tanto que, até certo ponto, somos todos românticos hoje, pois muitos dos valores centrais desse movimento ainda estão vivas, apesar de terem transcorrido quase dois séculos desde o seu apogeu, em meados do século XIX.

O nome do movimento é motivo de debate, pois possui importantes ligações com o termo francês romântico, usado no século 16 para se referir a romances de cavalaria. Eles foram então publicados na língua românica (enquanto os tratados científicos e filosóficos foram publicados em latim ou grego, línguas clássicas e "sérias").

Consequentemente, o termo estaria inicialmente associado ao pitoresco, ao sentimental, à característica desse tipo de literatura. Talvez por isso, ao longo do século XIX, diferentes formas de se referir ao movimento foram utilizadas nas diversas línguas europeias: romântico qualquer romântico em alemão, romântico S Romântico em espanhol.

O importante hoje é entender que o romântico não tem necessariamente a ver com romances eróticos e histórias de amor, mas sim com uma abordagem da vida que exalta os sentimentos acima do mundo lógico e racional proposto pela modernidade.

A seguir veremos as principais características do Romantismo e detalharemos alguns de seus mais destacados autores, pensadores e obras artísticas e literário.

Características do Romantismo

1. Os sentimentos vêm antes da razão

O Romantismo aspirava a recuperar o sentimental, esquecido pelo Iluminismo.

O romantismo foi, sobretudo, uma reação contra o mundo frio, racional e milimétrico que gerou o Iluminismo francês e que foi posto em prática com a industrialização. Foi-se o tempo rural, com sua natureza contemplativa: o mundo moderno era rápido e conturbado, com o tempo medido e a razão como valor supremo da humanidade.

Assim, o Romantismo aspirava a recuperar o que era considerado um aspecto perdido ou esquecido do ser humano: o sentimental. Por essa razão, os artistas românticos exaltavam a singularidade de seu mundo interior, entendendo seu trabalho como o de um demiurgo ou deus criador de seu próprio universo, e pensando em si mesmos como indivíduos diferentes, únicos, originais.

Para eles, o instinto e o criativo I tinham muito mais valor do que as considerações universalistas do racionalismo, que pensava o ser humano em termos bastante científicos e sociológicos.

É por isso que as obras românticas costumam representar heróis solitários e sofridos, apanhados na paixão de sua tempestade interior, como o jovem Werther de Goethe, cujo amor impossível por Carlota o leva ao suicídio.

2. A infância como paraíso perdido

Para o Romantismo, a criança era o rebelde por excelência, ingênuo e puro.

Para os românticos, a civilização deixa as pessoas doentes. seres humanos, pois com ela impomos uma ordem estrita e racional que nos distanciava da natureza e de nossas origens. Portanto, era preciso reconectar-se com aquela natureza perdida, plenamente representada na figura da criança: o rebelde por excelência, ingênuo, puro, ainda não corrompido pelas ambições banais do comércio e da indústria.

Muitos artistas românticos fugiram da civilização industrial para terras exóticas e naturais, seja em longas viagens ou em busca contínua de um refúgio natural, para se reconectar com a "verdadeira" natureza. Nesse sentido, expressavam uma certa nostalgia do rural, da vida antes das cidades.

Outros, por outro lado, abraçaram ideias políticas e revolucionárias que defendiam a bondade inerente ao ser humano contra a influência corruptora do mundo burguês.

No imaginário romântico, o rebelde e o herói trágico ocupam um lugar importante: aqueles que se revoltam contra toda a sociedade e são incompreendidos, tachados de loucos ou sacrificados pelas massas, exceto aqueles poucos escolhidos que conseguem compreender a profundidade e a honestidade de sua luta. Nela, os heróis românticos são herdeiros da mito Cristão.

3. A exaltação do nacionalismo

O romantismo recuperou elementos do imaginário medieval, como as bruxas.

Ao contrário do que foi proposto pelo Iluminismo, muito mais cosmopolita e universalista, o Romantismo foi um movimento profundamente nacionalista. Suas obras retomavam o folclore e legendas e tradições rurais de cada país, e defendeu a singularidade e originalidade de cada cultura, seu próprio espírito ou Volkgeist.

Isso levou à exaltação das idades de ouro, ou seja, os momentos passados ​​de glória e plenitude. o nacionalismos Os europeus foram em grande parte uma invenção romântica.

Dessa forma, o imaginário medieval foi recuperado, tão denegrido pela Humanismo e o Iluminismo, uma vez que o associavam ao obscurantismo religioso e à superstição, o oposto da razão humana.

Os românticos, por outro lado, viam no medieval um estado de maior pureza, e resgatou inúmeras histórias do passado, como a mitologia arturiana ou as sagas escandinavas, além de tradições poéticas em línguas locais como galês, escocês, galego, etc. Desta forma, eles evitaram o legado europeu greco-romano, no qual os neoclássicos se concentraram.

Exemplos disso são romances como Esplendor de Goethe, Frankenstein de Mary Shelley ou Ivanhoe de Walter Scott, além de pinturas como Lady Godiva por John Collier e O clã S vôo de bruxa de Francisco de Goya, entre muitos outros. Assim são as composições musicais do italiano Giacomo Puccini e o alemão Max Brunch, em que retomaram o legado popular.

4. Rebelião estética

Colocando tanta originalidade, os românticos necessariamente tiveram que ser rebeldes contra as normas tradicionais e os estilos predominantes na arte.

Por um lado, isso significou deixar de copiar os motivos clássicos tradicionais e, por outro, romper com a ideia de obra acabada e total, valorizando antes as obras inacabadas, abertas, o que nos permitiu apreciar o que era único e pessoal em cada artista. Os cânones e as escolas não lhes interessavam tanto quanto o poder da expressão subjetiva.

A liberdade criativa, nesse sentido, era a coisa mais importante. Os poetas românticos romperam com o rigor do metro e se permitiram versos mais livre; eles misturaram prosa e verso à vontade; rompeu com as três unidades aristotélicas do obra teatral; resgataram gêneros medievais como baladas e romances; E no música eles abraçaram a improvisação.

5. Retorno ao cristianismo e à experiência de Deus

A experiência romântica do mundo natural era sublime, quase mística.

O imaginário do Romantismo tinha raízes cristãs firmes, ao contrário do Iluminismo. Muitas de suas pinturas tratam de cenas bíblicas ou do Novo Testamento, e em suas obras líricas e romances o tema do sacrifício do messias está constantemente presente.

Poetas como o alemão Novalis (1772-1801) escreveram à sua amada morta (outro dos grandes motivos dos poetas românticos), comparando o seu amor por ela com o amor por Jesus, ou descrevendo-a em termos semelhantes aos da Virgem Maria .

Por outro lado, os românticos eram grandes admiradores de paisagens, e sua experiência do mundo natural era sublime, quase mística, semelhante àquela proposta em épocas anteriores por milagres ou revelação divina. De certa forma, eles adoraram Deus fora das igrejas, em beleza natural, pois ao mesmo tempo era um movimento leigo, nada relacionado com o moral religiosos e com a Igreja Católica.

Assim, as paisagens românticas eram abundantes na pintura e procuravam exaltar as emoções, em vez de copiar uma perspectiva topográfica real. O pitoresco e o sublime eram o que mais lhes interessava.

Mais tarde, isso deu lugar à ideia de flâneur ou o viajante, o indivíduo que vagueia sem pressa pelas cidades modernas, simplesmente observando, e assim distanciando-se da vida conturbada da burguesia. O poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867) escreveu muitos versos sobre ela.

6. Valorização da fantasia e do grotesco

Monstros, fantasmas e o sinistro abundam em romances.

Por fim, o Romantismo não era um movimento precioso e perfeccionista, de obras simétricas e equilibradas, mas valorizava a paixão e o ímpeto acima de tudo. Eles também não estavam interessados ​​em uma perspectiva realista, que lidasse com questões sociais. Por isso, a fantasia, o grotesco, o horrendo e o sobrenatural têm lugar em seu imaginário e o sublime também pode ser apreciado neles.

Nos romances românticos abundam monstros e fantasmas, o sinistro e o diabólico, e daí nasceu a chamada literatura gótica no século XIX. Romances e contos como os de Edgar Allan Poe, Bram Stoker, Lord Byron e John William Polidori são exemplos disso, assim como a poesia de Charles Baudelaire, na qual abundam vampiros, prostitutas e até sífilis, ou a do britânico John Keats e William Blake.

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