Umbanda

Cultura

2022

Explicamos o que é a religião da Umbanda, quais são suas crenças e sua origem. Além disso, quais são suas cerimônias e guias espirituais.

A religião umbandista ganhou notoriedade no Brasil como prática religiosa popular.

O que é umbanda?

Umbanda é religião de origem brasileira, em que a herança das religiões africanas trouxe América para o escravos da época colonial, com diversos elementos hindus S cristãos, bem como com as tradições dos povos nativos americanos. Apesar de ser originária do Brasil, se espalhou para territórios vizinhos como Paraguai, Argentina e Uruguai.

Umbanda é um termo do Kikongo, língua bantu nativa de Angola, e pode ser traduzido como "a arte de curar". Isto é possivelmente porque foi inicialmente parte do “Magia” com a qual os curandeiros africanos curavam seus semelhantes, com base em sua reconexão com uma ordem cósmica.

Desde seu surgimento no século XX, a religião umbandista ganhou notoriedade na região como prática religiosa popular, ligada a inúmeros cantores brasileiros como Vinicius de Moraes, José Bezerra da Silva ou Raul Seixas. Sua presença tornou-se central no campo do neopentecostalismo brasileiro, com a celebração de pelo menos três congressos de crentes e praticantes, bem como a criação em 2003 da Faculdade de Teologia Umbandista, instituição que funcionou até 2016.

Devido ao seu caráter sincrético, a Umbanda possui inúmeros pontos de contato com outras religiões e suas divindades muitas vezes coincidem em representação, associações ou dia de culto com as aparições da Virgem Cristã ou com membros dos santos católicos.Da mesma forma, a Umbanda tem pontos de encontro com outras religiões de matriz africana, como a Macumba, a candomblé ou a religião iorubá do Caribe, mas não deve ser confundida com nenhuma delas, pois é uma religião sincrética de origem brasileira.

Origem da Umbanda

Zélio Fernandino de Moraes é considerado o fundador da religião umbandista.

Embora existam debates sobre sua origem, sabe-se que a religião umbandista surgiu no início do século XX, a partir do que se considerava prática religiosa tradicional ou macumba. Essa prática era comum no Rio de Janeiro do século XIX, e englobava duas vertentes, uma de cunho popular (umbanda popular) e outra mais refinada e aceita por certas elites locais (umbanda branca). Das duas correntes, foi a primeira que gerou a adoração umbanda atual.

Segundo o relato de seus praticantes, a data de origem da Umbanda é 15 de novembro de 1908 (ou 1907), da posse de Zélio Fernandino de Moraes, jovem classe média de família católica carioca. um espírito conhecido como "Caboclo das sete encruzilhadas” (em português: “o caboclo [isto é, o espírito] das sete encruzilhadas”), uma entidade para quem todos os caminhos estão sempre abertos.

Naquela noite, o espírito caboclo, alternando com outra entidade chamada "Preto Velho Pai Antonio” (ou seja, “preto velho papai Antônio”), instruiu os presentes na criação do Loja Espírita Nossa Senhora da Piedade (algo como "tenda espiritual de nossa senhora da piedade") e a prática de inúmeros ritos, lançando assim as bases da religião umbandista.

Crenças e símbolos da Umbanda

Não existe um corpo unificado de crenças da umbanda, ou seja, um doutrina só.Ao contrário, coexistem várias formas de culto, como a Umbanda tradicional, a Umbanda, a Umbanda sagrada, a Umbanda cristã ou a Umbanda Omoloko.

No entanto, a Umbanda em geral é uma religião monoteísta, que postula a existência de uma divindade todo-poderosa inacessível aos seres humanos, conhecida como Olorum qualquer Zâmbia, cuja energia vital impulsiona a vida e se manifesta no mundo por meio de diversos guias espirituais, conhecidos como orixás. Juntas, essas divindades formam uma espécie de panteão, ao qual as pessoas podem acessar através dos ofícios de um médium.

Ao mesmo tempo, a Umbanda sustenta que existem valores HUMANOS universal, conhecidas como as Sete Linhas de Umbanda, que dão sentido existência e servem para guiar conduta para a harmonia com seu meio ambiente (animal, vegetal, mineral, etc.) e para a realização de seu próprio sentido vital, atribuído pela divindade. Essas "Sete Linhas", além disso, estão vinculadas a determinados materiais e elementos específicos da realidade, como segue:

  • Fe – Cristal (cristal)
  • Amor – Mineral (metal)
  • Conhecimento – Vegetal (plantas)
  • Equilíbrio – Ardente (fogo)
  • Ordem – Eólia (ar)
  • Transmutação – Telúrica (terra)
  • Vida – aquático (água)

Cada uma dessas linhas é representada por divindades muito variadas, vindas de todos os cantos do planeta, que ligam religiões atuais e cultos extintos, aos quais a Umbanda está igualmente aberta. No entanto, cada linha é guardada por um orixá, como administrador e zelador das referidas linhas. virtudes, cujas relações com o humanidade obedecem a uma lei de causa e efeito: todo bem recebido ou mal sofrido deve ser retribuído pela justiça divina.

Por meio do trabalho espiritual, da orientação dos espíritos e da conexão com os elementos materiais apropriados, os fiéis de Umbanda buscam conduzir suas vidas para um bem maior e para a satisfação de uma missão sagrada no mundo.

Práticas e cerimônias de Umbanda

Os rituais de umbanda são geralmente celebrações abertas à presença do público.

As práticas de umbanda podem ser muito variadas, dependendo do aspecto do culto que se pratica. Em geral, é ritos que buscam vincular o ser humano com seus guias espirituais específicos (ou simplesmente descobrir quem são).

Os procedimentos rituais e suas formas são determinados pelo sacerdote (pai-de-santo, babaloxá qualquer babala) que interpreta os desejos do guia espiritual, para que nem sempre sejam realizados da mesma forma, nem envolvam os mesmos passos. Mesmo assim, esses ritos costumam ser realizados em lojas ou casas espirituais previamente idôneas para invocar os espíritos, e geralmente são celebrações abertas à presença do público.

Em linhas gerais, os diferentes ritos da Umbanda podem ser classificados em três categorias:

  • Posses. Como o próprio nome indica, consistem na invocação de um ou mais espíritos para penetrar no corpo do médium, sob a tutela ritual do sacerdote. Esses espíritos são geralmente de acordo com (ancestrais míticos), caboclos (espíritos indígenas) ou homens velhos (espíritos africanos), e até alguns orixás. Durante o tempo de possessão, os médiuns entram em transe e podem comunicar a vontade divina aos presentes.
  • ritos de iniciação. Em geral, os ritos de iniciação à religião umbandista envolvem um simbolismo profundo e a presença de animais de sacrifício, que são alimentados pelo iniciado por semanas e até meses, para posteriormente serem sacrificados ritualmente.Os iniciados, então, têm a cabeça lavada, os cabelos cortados e banhados no sangue do animal, para marcar sua morte como profana e seu renascimento como seguidor da Umbanda.
  • As oferendas. A ligação entre os seres humanos e as divindades é feita através da troca simbólica de bens, sacrifícios de animais e alimentos, dependendo do que o Orixá “pedir”. Esses ritos são combinados com práticas de comunhão semelhantes à católica, procissões, orações e cantos da liturgia cristã, com oferendas de tabaco, aguardente, velas, flores, arroz, perfumes e carne de galos e galinhas, para citar alguns exemplos .

Por fim, a Umbanda possui um calendário ritual muito diversificado, no qual as festividades católicas são combinadas com as de origem africana. Por exemplo, 8 de setembro é o dia de oxum (ochun ou Oxum), orixá equivalente à Virgen de la Caridad del Cobre.

Orixás ou guias espirituais

Iemanjá é o Orixá mais popular e reverenciado publicamente no Brasil.

O panteão da Umbanda é extenso e há espaço divindades com diferentes nomes e formas de se representar. O panteão dos orixás, no entanto, é muito semelhante ao das demais religiões africanas do continente (como a iorubá, no Caribe) e é composto principalmente por:

  • Oxalá. O mais importante dos orixás e o primeiro criado por Olorum, possuidor de traços femininos e masculinos ao mesmo tempo. Sincretizado com o Cristo dos últimos dias e às vezes com a Virgen de las Mercedes, é o criador da Terra e do ser humano, dono de tudo o que é branco, dos pensamentos, da cabeça e dos sonhos. Em outras religiões de origem africana é conhecido como esperançosamente ou como obbatalá.
  • Xangô. Orixá da justiça, raio, trovão e fogo, é sincretizado na Santeria com São Marcos e Santa Bárbara, e tem duplo traço histórico e divino, pois se supõe que foi o quarto rei mítico da cidade nigeriana de Oyo.É um orixá violento e vingativo, dono do sol e das tempestades, forte, valente e justo. Várias esposas e o manuseio de um machado de dois gumes são atribuídos a ele. Em outras religiões de origem africana é conhecido como Macaco qualquer Xangô.
  • Ogum. Orixá guerreiro e patrono da ferraria, metais, tecnologia e protetor dos cirurgiões, soldados e policiais. De caráter irascível e violento, é representado com um facão, com o qual despedaça seus rivais ou abre caminho pela vegetação da selva. Ele é associado a São Jorge do panteão cristão, e muitas vezes a São Pedro, pois detém as chaves metálicas do paraíso. Em outras religiões de origem africana é conhecido como Ogum ou Ogum.
  • oxossi. Caçador de orixás, padroeiro dos presos e fugitivos, dono do arco e flecha. Ele é considerado um mago ou feiticeiro, está associado à cor azul, amarelo e coral, e sua inteligência, sagacidade e inventividade são dele. Ele é o melhor dos caçadores, cujas flechas nunca falham, e é ele quem sustenta os prisioneiros. Irmão de Xangó e Ogum, é filho de Oxalá e Iemanjá. Em outras religiões de origem africana é conhecido como oshosi ou como Oxóssi.
  • Iemanjá. Orixá associado ao mar, abundância e maternidade, protetor dos marinheiros e pescadores e mãe de todos os peixes. É o Orixá mais popular e reverenciado publicamente no Brasil e em várias regiões do Caribe e dos Estados Unidos, portador de inúmeros epítetos como "senhora das águas", "mãe das águas" ou "mãe de todos os orixás". Os afogados são reivindicados por ela para viver como seus maridos e esposas, pelo que ela passou a ser associada às sereias européias; em diferentes sentidos, está mais associado à Virgem Maria. Em outras religiões de origem africana é conhecido como Yemaya qualquer Jemanjá.
  • oxum. Orixá feminino, associado à fertilidade, dona do bronze e de todos os rios.Os dela também são sábado e a cor ouro, e ela é representada como uma mulher vaidosa e sensual que vai ao rio tomar banho vestida de colares e enfeites. Ela está associada à Virgem de Santísima Caridad del Cobre, e foi uma das esposas de Xangô. Em outras religiões de origem africana é conhecido como ochun ou Oxum.
  • Oba. Orixá feminino, associado ao amor sacrificial e fidelidade conjugal, dona dos lagos e lagoas, e moradora dos cemitérios, nos quais guarda os túmulos. Ela é descrita como uma mulher forte, temível, invejosa e incompreendida. Ela não costuma levar filhos do sexo masculino entre os fiéis, e é associada à cor rosa velho, ao punhal, à sopa e às terrinas. Seu culto é sincrético com o de Santa Catalina ou Santa Rita de Cássia, e em outras religiões de origem africana é conhecida como Obba ou Obba.
  • Oxumaré. Orixá andrógino, associado à cobra e às cores vermelho e azul, que representam o masculino e o feminino respectivamente. Dele é o movimento, a riqueza, o equilíbrio, ele é o encarregado de sustentar o ciclo da água e o que fica, que perdura. É a garantia de que as coisas continuem como estão. Em outras religiões de origem africana é conhecido como Oshunmare qualquer como Osumare.
  • Obaluaié. Orixá masculino, senhor da terra, doença, infecções venéreas e peste e miséria em geral. Ele é uma divindade noturna, que durante o dia se esconde na hera, no cundeamor ou no coralillo, e é o orixá responsável pela seleção dos falecidos. Ele é representado com um pano na cabeça, já que seu rosto está coberto de feridas, e geralmente pede sacrifícios de cabras, galinhas ou pombos. Em outras religiões de origem africana é conhecido como Babalu Aye ou como Obaluaye.

Críticas à Umbanda

A religião da Umbanda tem estado frequentemente no centro de polémicas, uma vez que se popularizou no classes sociais nas áreas baixas e nas áreas urbanas periféricas, tem sido associada à criminalidade e à marginalidade social. Além disso, ela é muitas vezes vista com suspeita devido aos sacrifícios de animais, uma prática desaprovada pela sensibilidade ocidental.

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