retórica

Literatura

2022

Explicamos o que é retórica, os elementos do discurso, as figuras e as questões retóricas. Sua relação com a oratória e a dialética.

A retórica estuda a linguagem a partir de seu conteúdo, estrutura e estilo.

O que é retórica?

Retórica é a disciplina que se interessa pelo estudo e sistematização dos procedimentos e técnicas expressivas da língua, que além de seus propósitos habituais de comunicação têm como objetivo persuadir ou embelezar o que foi dito.

É uma disciplina que atravessa inúmeras áreas do conhecimento, entre as quais se destacam o literatura, a política, a jornalismo, a publicidade, a Educação, a direitoetc.

Os elementos que a retórica estuda são, em princípio, de tipo verbal, ou seja, pertencem à linguagem, mas não apenas falada: a expressão escrita e mesmo o uso conjunto de imagens e texto pode muito bem resultar do seu interesse, especialmente em formas contemporâneas de elaboração de discursos.

Os primórdios desta disciplina remontam à antiguidade greco-romana. No Grécia Antiga foi amplamente estudado e entendido como a capacidade de persuadir os outros por meio de palavras faladas.

Posteriormente, também teve seu lugar nas cortes da Roma Imperial e constituiu uma parte fundamental da educação europeia medieval, onde ocupou um lugar essencial entre as disciplinas humanísticas, pelo menos até a época da Romantismo.

De acordo com as considerações clássicas da retórica, todo discurso é configurado a partir de três elementos:

  • Invenção ou invenção. A seleção dos conteúdos do discurso, ou seja, a escolha particular dos temas no memória, nos lugares comuns (ou topoi), as ideias próprias ou herdadas de terceiros, enfim, que possam servir aos fins de comunicação que possuem.
  • Dispositivo. A organização dos elementos do inventio em um todo estruturado, hierárquico, ou seja, organizado de acordo com a conveniência do argumento, valendo-se de histórias, exposições ou explicações para mobilizar o outro por vias emocionais, racionais ou morais.
  • Elocutio. Equivalente ao que hoje consideramos "estilo", é a escolha dos recursos linguísticos ideais para expressar verbalmente os materiais previamente recolhidos e encomendados. Isso implica figuras de linguagem, jogos de palavras, etc.

Retórica, oratória e dialética

Oratória é a aplicação da retórica ao discurso oral.

Esses três termos não devem ser tratados como sinônimos, visto que não o são, apesar do fato de que muitas vezes na linguagem cotidiana podemos usá-los mais ou menos indistintamente. Por um lado, a retórica é a "arte de dizer bem", ou seja, a capacidade ou o talento de dar ao que é comunicado a expressividade necessária para o tornar verdadeiramente persuasivo. Por outro lado, os outros conceitos são:

  • Oratório. Considerado por alguns como um gênero literário, a oratória pode ser entendida como a forma de aplicação ao discurso oral de elementos retóricos, ou seja, a capacidade de aplicar a retórica ao discurso falado. Simplificando, falar em público é a arte de falar com eficácia. Por isso, oratória e retórica têm muitas fronteiras comuns.
  • Dialética. Por sua vez, a dialética era entendida pelos gregos antigos como "a arte da conversação" (a palavra inclui as palavras gregas dia-, "reciprocidade" ou "troca", e logotipos, “Palavra”), e diferia da oratória por ensinar a falar bem na frente dos outros, enquanto a dialética ensinava a debater. O famoso filósofo Sócrates praticava dialética com seus alunos, desafiando-os por meio de conversas a pensar sobre tópicos de seu interesse.

Figuras retóricas

Também conhecido como figuras literárias, as figuras retóricas são voltas ou recursos estilísticos, ou seja, mecanismos de linguagem que servem para ilustrar, embelezar ou enriquecer estilisticamente o discurso.

Tanto na linguagem falada quanto na escrita, poética e informal, esses tipos de recursos permitem que o indivíduo se expresse mais com menos, alterando a configuração tradicional ou costumeira do que é dito. Alguns exemplos de figuras de linguagem são:

  • O metáfora. Consiste em um comparação entre uma coisa e outra, ou ao chamar uma pelo nome da outra, para mostrar suas características comuns, reais ou imaginárias. Por exemplo: "O rio era uma longa cobra azul" ou "Os sóis escaldantes em seus olhos me intimidaram".
  • O hipérbole. É uma forma de exagero discursivo, cujo significado não é literal, mas figurativo. Por exemplo: "Estou com tanta fome que comeria um mamute" ou "Ela é tão burra que não consegue falar e andar ao mesmo tempo clima”.
  • O personificação. Consiste em atribuir características humanas a um objeto inanimado, em um sentido obviamente não literal. Por exemplo: "A manhã me saudou com ar quente" ou "O vento sussurrou seu nome em meus ouvidos".
  • O Elipse. Essa figura retórica consiste na omissão de algum conteúdo do discurso que se considere já dito, óbvio ou que se queira ocultar por algum motivo. Assim, evitam-se repetições que estraguem a fala, por exemplo, ou pode-se gerar certo suspense. Por exemplo: “María e Néstor foram ao cinema e quando saíram não encontraram o carro” (a repetição do tema é omitida), “Trouxe um presente para o filho, mas ele já o tinha” (o presente é omitido).

Perguntas retóricas

Já as perguntas retóricas ou erotêmicas são aquelas que não esperam uma resposta do interlocutor, mas cumprem uma função expressiva: enfatizar o que foi dito, sugerir uma afirmação ou um determinado estado de espírito. Nesse sentido, funciona também como figura de linguagem. Por exemplo:

  • "Devemos permitir que o réu saia impune?"
  • "Meu Deus, quando esse tormento vai acabar?"
  • "Quem além de mim poderia ajudá-lo?"
  • "Haverá alguém que possa me defender?"

Retórica de Aristóteles

"Retórica" ​​é uma obra de Aristóteles composta por três livros.

Aristóteles de Estagira (384-322 aC) foi um dos mais importantes filósofos gregos da antiguidade, considerado junto com seu mestre Platão como os pais da filosofia ocidental.

Entre suas muitas obras, ele escreveu o Retórica, onde ele expressa suas considerações sobre o que considerou um tekhné. Em outras palavras, Aristóteles define a retórica como um técnica para persuadir ou refutar. Ele o descreve como a contrapartida da dialética, que se dedica a expor.

O Retórica Aristóteles é composto por três livros: o primeiro trata da estrutura e espécie da retórica; a segunda sobre o que pode ser raciocinado e o que está sujeito à razão ou às emoções; e a terceira sobre a forma mais adequada de construir discursos para persuadir.

!-- GDPR -->