Estoicismo

Filósofo

2022

Explicamos o que é o estoicismo na filosofia, seus princípios e representantes. Além disso, o que é na vida cotidiana.

O estoicismo foi fundado por Zenão na Grécia e depois se espalhou para Roma.

O que é estoicismo?

O estoicismo é uma escola filosófica fundada em Atenas no início do século III aC. C. Essa corrente filosófica propõe uma visão de mundo em que tudo pode ser pensado por meio de uma ética pessoal, baseada em um sistema lógico e em uma lei de relação de causa efeito. Assim, o universo todo é estruturado de forma racional e compreensível, mesmo nos casos em que seres humanos falhamos em visualizar e compreender tais estrutura.

Os antigos estóicos sustentavam que, embora não possamos controlar o que acontece no universo ao nosso redor, podemos controlar como pensamos sobre isso.

Assim, segundo seu doutrina, o ser humano deve cultivar um modo de ser disciplinado, autocontrolado e tolerante, usando a coragem e a razão. Através deste caminho, uma certa harmonia virtuosa pode ser alcançada, o único caminho para a verdadeira felicidade.

História, origem e etimologia do termo “estoicismo”

O estoicismo foi uma das escolas filosóficas da Grécia Antiga, fundada em Atenas durante o século III aC. C. por Zeno de Citio (336-264 aC), filósofo de origem fenícia que foi apelidado na época de "o estóico". Entre seus discípulos mais famosos encontramos Cleantes de Asus (330 a 300-232 aC), que foi seu sucessor, e Crisipo de Solos (281-208 aC), discípulo de Cleantes e figura importante na estóica escolar.

Originalmente conhecido como Zenonismo, o movimento dos estóicos ou Stoikós (Στωϊκός) leva o nome do termo Stoa Poikile ou “varanda pintada” (em grego antigo ἡ ποικίλη στοά). o Stoa Poikile era um pórtico localizado a leste da Ágora de Atenas, adornado com cenas de batalhas míticas e históricas. Foi aqui que Zenão se encontrou com seus discípulos, e por isso são conhecidos como estóicos.

O estoicismo teve muito sucesso na Grécia antiga. Três fases são geralmente reconhecidas: Antigo, Médio e Novo Estoicismo. Após seu início em Atenas, se espalhou para outras populações do Mediterrâneo, especialmente na República Romana. Ali foi concebido o chamado estoicismo romano, cujos representantes são Panecio, Posidônio, Sêneca, Epicteto e Marco Aurélio. Esses autores eram ainda mais conhecidos do que os próprios estóicos gregos. Mais obras do estoicismo romano são preservadas do que do grego.

O estoicismo ressurgiu no século XVI, e sua doutrina foi combinada com diferentes elementos do cristandade, sob o nome de neo-estoicismo. Seu fundador foi o humanista belga Justo Lipsio (1547-1606). Em 1584 publicou sua obra mais conhecida, de constantia, com o qual introduziu as bases da renovação do estoicismo.

Tanto o estoicismo clássico quanto o cristão tiveram grande influência no pensamento de vários filósofos importantes da modernidade. Isso pode ser visto especialmente na obra de I. Kant, G. Leibniz, B. Spinoza, A. Smith e até J-J. Rousseau.

Princípios da filosofia estóica

Os fundamentos do estoicismo podem ser resumidos nos seguintes pontos:

  • O principal lema dos estóicos é que "o virtude é o bem supremo” ou “a virtude é o único bem”. Isso significa que o ser humano deve aspirar à virtude interior, entendendo que elementos externos como dinheiro, a sucesso, a Saúde ou o prazer eles não são bons nem maus em si mesmos, e os homens não devem confundi-los com o que é verdadeiramente importante: para os estóicos, a sabedoria é a condição fundamental de todos os bens. Eles consideram felicidade, conhecimento e virtude como uma e a mesma coisa. Em sentido estrito, os bens, mal utilizados ou bem utilizados, devem ser bens incondicionais, e somente a virtude, entendida como conhecimento, qualifica-se como um bem incondicional.
  • O espírito estóico deve ser calmo, autocontrolado e disciplinado, seja enfrentando o infortúnio ou a boa fortuna. Só esta atitude de indiferença pode levar a liberdade e a tranquilidade. Os estóicos pensavam assim alcançar a imperturbabilidade, ou seja, a ataraxia, o estado máximo procurado.
  • Segundo os estóicos, o ser humano deve imitar o universo em seu equilíbrio, regido por sua natureza interior e não pelas distrações do mundo. Eles sustentavam que certos erros de julgamento (isto é, erros de pensamento) podem gerar emoções prejudicial, e por isso o ser humano deve manter sua vontade tanto quanto possível de acordo com a natureza, aceitando as coisas como elas aparecem, renunciando desejo, medo e ambição.
  • Para os estóicos, a medida da natureza do ser humano pode ser observada não nas coisas que são ditas, mas na maneira como elas agem. Portanto, os seres humanos são todos iguais e fazem parte da mesma grande família, como cidadãos do mundo. Era, portanto, uma escola filosófica muito cosmopolita.
  • o sorte e o acaso não existe, mas a causalidade: tudo é consequência de outra coisa, mesmo que não saibamos o que ou não possamos entender.

As quatro grandes virtudes dos estóicos

Os estóicos consideravam os seguintes pontos como grandes virtudes:

  • o conhecimento prático, que permite lidar com situações desafiadoras com a cabeça calma.
  • o temperança, para moderar e controlar a sedução dos prazeres cotidianos.
  • o Justiça, que deve ser exercido mesmo no caso de receber injustiça de outros.
  • A coragem, tanto em situações extremas quanto na vida cotidiana, para manter a clareza e integridade.

Ética estóica

o ética Foi um dos grandes problemas filosóficos tratados pelos estóicos. A relevância das questões e problemas éticos estava em diálogo quase direto com o que foi dito por Sócrates, Platão e mesmo Aristóteles.
Algumas dessas questões éticas são:

  • A explicação da irracionalidade interna da ação.
  • Os problemas que acompanham a falta de educação nas disposições do personagem.
  • Virtude, progresso moral e responsabilidade individual.
  • Os atos devidos e os verdadeiramente corretos segundo uma moral estrita.
  • A felicidade como o objetivo final da vida humana.
  • Estados emocionais e as consequências de realizar um certo curso de ação enquanto em um determinado estado emocional.
  • O lugar que devemos dar aos estados emocionais no plano de uma boa vida, etc.

Principais representantes do estoicismo

Sêneca foi um dos maiores expoentes do estoicismo romano.

Os principais nomes associados ao estoicismo na antiguidade foram os seguintes:

  • Zenão de Citium (336-264 aC). Fundador do estoicismo nascido em Citium, Chipre, foi discípulo de Polemon, Crates de Tebas e Estilpon de Megara. Interessou-se inicialmente pela escola do cinismo, mas mais tarde suas doutrinas pessoais fundaram a base da escola filosófica. Suas obras se perderam no tempo, de modo que dificilmente temos fragmentos e menções dispersos em obras de terceiros.
  • Cleantes de Asus (330-232 aC). Principal discípulo de Zenão e seu sucessor à frente da escola estóica, teve origem humilde até ingressar na escola filosófica do Pórtico, como eram então chamados os estóicos, e após a morte de seu professor acabou por dirigi-la. Ele fez isso até morrer aos 99 anos de idade.
  • Crisipo de Solos (281-208 aC).Considerado o "segundo fundador" do estoicismo grego, foi sua figura mais emblemática e importante, bem como o pai da gramática grega na antiguidade. Ele era um discípulo de Cleantes e diz-se que também frequentou a Academia Platônica.
  • Sêneca, o Jovem (4 aC-65 dC). Filósofo, político e escritor, foi uma figura importante na política romana durante os reinados de Cláudio e Nero. Ele foi um dos maiores expoentes do estoicismo romano, tanto que sua obra é a principal fonte de conhecimento sobre a doutrina estóica que se conserva até hoje. Sua influência sobre pensadores posteriores, tanto cristãos quanto renascentistas, foi enorme, junto com Epicteto e Marco Aurélio.
  • Epicteto (55-135 dC). Filósofo grego da escola estóica, viveu boa parte de sua vida em Roma, como escravo. Ele foi o fundador de sua própria escola em Nicópolis e sua doutrina imitou a de Sócrates, de modo que não deixou nenhuma obra escrita. Seu pensamento é preservado graças ao seu discípulo Flavio Arriano.

O que significa hoje ser estóico?

Hoje entendemos pelos adjetivos “estóico” ou “estóico” um sinônimo de “calma” e “cabeça fria”, ou seja, uma atitude de autocontrole e resistência às paixões humanas.

Assim, quando dizemos que alguém recebeu uma má notícia “estoicamente”, queremos dizer que ele reagiu com integridade, sem ceder à dor. O mesmo pode ser aplicado a situações de felicidade, tensão ou qualquer emoção humano.

Por exemplo, se imaginamos que alguém ganhou na loteria e o comunica com calma, dizemos que o fez com "estoicismo absoluto". Podemos pensar o mesmo de quem tem que tomar grandes decisões e consegue fazê-lo com integridade e racionalidade, sem se deixar levar pelas emoções.

Exemplos de estoicismo na vida cotidiana

Aqui estão alguns exemplos de eventos da vida cotidiana estoicamente percorridos:

  • Um rompimento, tomado estoicamente, não significa que não vai nos machucar ou nos fazer sofrer, mas sim que vamos vivenciá-lo tentando pensar o mais racionalmente possível em todos os momentos e não em termos impulsivos, típicos de emoção e dor.
  • Ganar un premio muy deseado, siendo estoico, no significa que no sentiremos alegría o que la vayamos a reprimir por completo, sino que la viviremos a sabiendas de que es un sentimiento pasajero y de que no puede empujarnos a tomar determinadas decisiones o actuar de cierta Maneira. Mesmo na alegria você tem que manter sua mente clara. O estóico certamente comemorará sua vitória, mas não a ponto de penhorá-la com ações absurdas.
  • Participar de uma festa, para os estóicos, é um exercício de plena moderação. Prazeres e desejos são úteis e bem-vindos apenas quando conduzem à virtude transcendente, o resto serve para nos distrair do caminho. Portanto, um estóico só desfrutará do que é justo, sem exagerar ou perder o controle.

Estoicismo, Epicurismo e Ceticismo

Não devemos confundir o estoicismo, a doutrina da medida racional e a ataraxia, com outras correntes filosóficas como o epicurismo e o ceticismo, por exemplo.

  • Epicurismo. De origem grega, em tempos antigos (como o estoicismo) é uma doutrina filosófica que pode ser inscrita no hedonismo, ou seja, na busca do prazer como único bem transcendente. Mas ao contrário de outras escolas hedonistas, a doutrina criada por Epicuro de Samos por volta de 307 aC. C. propôs a busca do prazer por meio de um estado semelhante à ataraxia dos estóicos: a ausência de dor e medo, assim como a ausência de dor física (o apone). Esse estado era atingível por meio de prazeres modestos e sustentáveis, vida simples e conhecimento do funcionamento do mundo. O epicurismo era uma doutrina rival do platonismo e depois do estoicismo, e existiu até o século III dC. c.
  • ceticismo. É uma corrente filosófica que afirma a impossibilidade de conhecer o VERDADE, ou mesmo a existência de uma verdade a conhecer. Fundado na antiguidade grega pelo filósofo Pirro (365-275 aC), sua máxima inicial era que um filósofo deveria opinar, não afirmar nada, pois nada no fundo poderia ser conhecido com certeza. A dúvida e a suspensão do juízo (epojé) eram os princípios fundamentais dessa escola filosófica.
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